quarta-feira, 30 de março de 2011

O Aprendiz de
Feiticeiro
Numa grande ilha do Oceano Pacifico vivem todos
os magos do mundo, a dali lançam sobre os
habitantes do terra toda a sua mágica, boa ou má.
No meio deles vivia; há muito tempo, o mago Bialo,
Que era muito bom para os homens. Ele nunca usou
seus poderes sobrenaturais para fazer o mal ou
causar sofrimentos em ninguém. Só empregava a
sua sabedoria para o bem dos entes humanos.
Os outros habitantes da ilha mágica, os duendes,
anões a bruxas, o odiavam a queriam acabar com
Ele. Bialo não lhes dava a menor atenção e
continuava oferecendo alegrias a bênçãos.
Numa tempestuosa noite de inverno, seus inimigos
 Reuniram-se na cratera de um vulcão extinto e resolveram matar Bialo.
Prometeram não descansar enquanto não
acabassem com o bondoso mago.
Um espírito que servia a Bialo ouviu a conspiração
E foi correndo levar a seu amo a terrível mensagem. Então o mago decidiu ir para a terra
Dos seres humanos e ali permanecer com eles.
Estava certo de que assim não seria atingido pela
vingança dos maus ilhéus.
Servindo-se das asas de sua capa mágica,
atravessou o Oceano.
Quando a murmúrio do vento entre as árvores lhe
indicou que estava em terra seca, desceu-a  e se
encontrou no entrada de um bosque.
Pegou seu caracol mágico e o levou ao ouvido.
Dentro dele escutou um rugido distante, a
compreendeu imediatamente que seus inimigos o
perseguiam.
Entrou então no bosque, chegando à cabana de um
pobre carvoeiro. Entrou a pediu alojamento ao
carvoeiro, que vivia pacificamente com seu filho
Holgar.
- Se o senhor ficar na minha cabana, será
descoberto - disse o carvoeiro. - Vamos sair que eu o esconderei no depósito de carvão.
O mago o seguiu. O carvoeiro amontoou troncos a
ramos, como se faz para preparar carvão da
madeira, a dentro escondeu Bialo. O fogo ardia em
cima daquilo, mas o mago estava bem protegido e
não se queimou nem um pouquinho.Quando chegou o bando dos ferozes perseguidores,
a cabana foi revistada, mas não encontraram o
odiado inimigo. E embora vissem o depósito de
carvão, não desconfiaram que ali dentro pudesse
estar uma criatura viva. Seguiram, então, seu
caminho, a Bialo se salvou.
No dia seguinte o mago se despediu com carinho de
seu protetor, a acariciou os cabelos de Holgar,
dizendo:
- Quando cresceres, garoto, te pagarei o favor que teu pai me fez. Você vê aquela alta montanha? Lá me instalarei a continuarei a fazer o
bem aos homens.
Holgar nunca esqueceu isto. Depois que cresceu a
ficou forte, anunciou ao pai que queria ir visitar o
mago.
- O que lhe pedirás? - perguntou o carvoeiro.
- Que me ensine a ser mago também - respondeu o
jovem.
Logo a seguir pegou seu chapéu, seu bastão, e se
foi.
Não tardou a chegar ao sopé da montanha. Foi
subindo pelas pedras, ate chegar a entrada de
uma gruta.Ele já ia chamar, quando a porta se abriu
sozinha. Holgar entrou no refugio que estava mobiliado de modo bem estranho. No centro via-se uma mesa feita com a vértebra de uma baleia, a de frente dela duas cadeiras fabricadas com presas de elefante.
   No chão estavam frascos a copos de cristal, cheios
de líquidos de diversas cores. A um canto ardia um
alegre fogo, no qual fervia o conteúdo de umas
chaleiras pretas. Em outro canto, amontoados,
grandes luzes, que iluminava magicamente a gruta.
   O jovem olhou assombrada a sua volta, e de repente Bialo surgiu diante dele como se tivesse
saído da terra. Sua barba estava inteiramente
branca, e seu olhar alegre e amistoso.
- Eu lhe esperava rapaz - disse ele. - Fala-me o que
deseja.
- Eu queria aprender a arte do mágico.
O mago ficou muito sério a perguntou:
- Para que queres a magia? Para o bem ou para o
mal? Desejas poder ou felicidade?
O rapaz não vacilou nem um segundo, e com os
olhos brilhantes respondeu:
- Só quero fazer o bem, querido mestre, e tornar
todo o mundo feliz.
- E você não quer ser feliz? Holgar abaixou a cabeça a calou-se. Bialo prosseguiu:
- Ser feliz e fazer os outros felizes, são as melhores
inspirações do homem. Mas Lembre-se de que o
poder causa certa sensação de inveja , embora não alegre o coração. Agora siga-me meu filho, e poderás escolher tua tristeza ou tua alegria.
Levou-o a um compartimento próximo, onde só
havia uma velha mesa de madeira. Nela se viam
duas caixinhas. Uma era de ouro, a outra de prata.
O mago abriu-as, Holgar viu três pasteizinhos em forma de coração, descansando sobre uma almofado de veluda e vermelha. Nelas se liam estas palavras: Riqueza, ”Poder, Grandeza.
Depois o mago abriu o caixa de prata, e sobre o
veludo azul apareceram três pasteizinhos em forma
de coração, mas desta vez  tendo por cima estas palavras:
Paciência, Bondade, Bravura.
- Escolhe, Holgar. Os três pastéis da caixa de ouro dão um poder mágico que representa um domínio
total sabre os entes humanos. Se comeres o pastel
de Riqueza, conquistarás todos os tesouros do
mundo. Poderás transformar o que quiser pedras
preciosas tudo quanta tocares. O pastel do Poder
te permitirá transformar os animais em homens e homens em animais. E com o da Grandeza poderás ser o major de todos. Se escolheres a caixa de prata, todo ilimitado mundo da mágica será teu.
  “Em compensação, a caixa de prata te levará ao fim de todos os teus desejos, mas o caminho é muito mais longo e difícil. Também te dará o poder da magia, porém a mágica será mais terrena, e te verás preso as leis da natureza. No entanto, o que perderes em poder direto, ganhará em felicidade.” Escolha!
Holgar não hesitou.
- Se a caixa de Prata me dá o poder da mágica além disso a felicidade, eu o escolherei! Não me dão medo as dificuldades nem os sofrimentos.
- Tem razão, meu filho - sorriu o mago, oferecendo
a Holgar a caixinha de prata. - Nunca te queixarás da tua escolha.
Seguindo as indicações de Bialo, o jovem comeu os pasteis.
Súbito sentiu-se assaltado por um profundo sono, ao despertar, depois de muitas horas, viu-se a entrada da gruta, estando sentado junto dele o seu mestre, que lhe sorria bondosamente.
O rapaz se pós em pé de um salto.
- Agora vou começar a utilizar a minha mágica - disse.
- O que desejas? - perguntou Bialo, muito sério.
Holgar volveu os olhos sobre a terra, e só viu pântanos e terrenos desertos.
- A terra precisa produzir frutos - disse ele. – Dela devem brotar o trigo e o milho, a árvores frutíferas, e vinhas transbordantes de uvas. Tenho poder para fazer isto?
- Sem duvida! - replicou o velho. – Lembre-se de que possuis a paciência...
  Imediatamente o mago pegou picaretas, enxadas e
Pás, a os dais começaram o lavrar o terra, destruindo as ervas daninhas. Depois que o solo ficou limpo, o fertilizaram e semearam. Dali a pouco tempo começaram a brotar as plantas, e por fim chegou o tempo da colheita. As espigas, carregadas de frutos, se inclinavam para o chão, e as vinhas com seus grandes cachos, cantavam:
Não nos deixeis mais esperar, é hora de irmos para lagar; com energia a com carinho daremos delicioso vinho.
Holgar ficou impressionado diante de tão lindo espetáculo, e seu coração se encheu de alegria.
Então o velho mago lhe perguntou:
- viu como somos mágicos e os resultados da nossa paciência? Estás satisfeito com a tua habilidade, ou desejas fazer novas experiências?
- Eu gostaria de tirar ouro a prata da terra. Posso fazer isto?
- Sem duvida! - respondeu Bialo. - Agora já sabes que com paciência tudo se consegue.
E outra vez começaram a trabalhar com as picaretas e as pás.
Holgar descobriu, com assombro, que no meio da terra havia pepitas de ouro e veios de prata. A seguir as rodas giraram vertiginosas e as máquinas ressoaram no local. Cada vez afundavam mais na terra, na direção do reino do negro carvão. Transportava a gruta por meio de pequenos vagões e carroças, a depois a levavam para a cidade. A gruta já mal podia conter todas as riquezas que eles ganhavam. Quando terminou aquele ano, Holgar se viu cercado de ouro e de prata, de roupas luxuosas e toda sorte de bens.
- Tudo isto é o resultado mágico da paciência - disse o mestre.
 Então o aluno se levantou a disse:
- Ate agora só utilizei a magia para o meu próprio beneficio, mas sinto que me falta conhecer o verdadeiro valor da existência. Gostaria que outros tirassem proveito do meu poder. Posso transformar os humanos?
- Sim, podes. A bondade te permite isto. Vai, meu filho, e transforma os pobres em ricos, e torne todos felizes.
   Carregado de ouro, Holgar partiu para o país dos homens e espalhou prodigamente suas riquezas. Então o mundo pareceu transformar-se. Os que ate então tinham caminhado abatidos pelo sofrimento, levantaram a cabeça a sorriram para a felicidade.             Outros, cujos rostos haviam sido desfigurados pelas rugas, mostravam uma expressão de grande prazer.            Todos irradiavam um entusiasmo que os transformava por completo.
   Mas Holgar ainda não estava satisfeito. Viu que seus tesouros não faziam bem aos doentes, porque não podiam curá-los.
   Com os olhos cheios de lágrimas voltou para junto de Bialo.
- Será que o meu poder mágico não vai fazer o mal... Mais alem? - se queixou. -
   Mas o velho sorriu bondosamente. - A bondade tem muito mais força do que te imaginas. Basta saber empregá-la.
   Levou o rapaz ao bosque a aos prados, a lhe ensinou as ervas a as plantas, nos quais existiam substâncias curativas.
Holgar trancou-se noite e dia em seu quarto e ali estudou o poder e os efeitos das plantas.
Por vezes seu entusiasmo morria e tudo parecia vir abaixo; mas depois a bondade recobrava sua força e o animava a continuar seus estudos.
Uma vez terminado o trabalho, voltou para o meio dos homens a lhes ofereceu suas misturas e seus medicamentos.
Os enfermos ficaram bons a os inválidos tornaram a mover-se. Os fracos recobraram suas energias e a Felicidade reinou na terra.
Holgar viu-se coberto das bênçãos que brotavam dos lábios daqueles que se tornavam sádios, porém os sofrimentos da humanidade não se acabavam. Ao redor da cidade onde vivia Holgar existiam espessos bosques, que abrigavam terríveis tigres, leões, ursos e lobos. Continuamente eles atacavam as pessoas a as faziam em pedaços.
Portanto, continuava a existir a dor. De novo Holgar correu para junto do mestre. - Sem duvida! - replicou Bialo. - Lembre-se que estás de posse da Bravura! Isto te dará um poder sobrenatural. Acompanhe-me ate o ferreiro. Ali faremos uma forte espada uma afiada e longa para o ataque, uma cota de malha e um brilhante escudo de pontas afiadas para a defesa. Com isso poderás livrar os homens dos seus inimigos. Dali a pouco a ferraria estremeceu, de tanta martelada, e com o rugido dos labaredas e o barulho do aço ao ser submergido na água. Belo como um Deus, o rapaz, armado, marchou para o bosque, contra os seus terríveis adversários, e espalhou o terror e o espanto entre os tigres.
   A terra coberta de verde se manchou com o sangue dos animais sacrificados. Holgar lutava com eles nas clareiras e depois os perseguia entre as árvores, ate as suas distantes tocas. Antes de o verso terminar, havia perecido o ultimo inimigo, e os homens puderam respirar tranqüilos.
   Quando o aclamavam como seu herói e salvador, sentia-se dominado pela felicidade. Lágrimas de alegria lhe corriam dos olhos, e ele ficava sem saber o que dizer. Teve de utilizar ambas as mãos para afastar a multidão que o aclamava e que quase o esmagava, de tanto entusiasmo.
   De repente soou um clarim e o povo deu passagem a um cavaleiro, que se dirigia para o lado de Holgar.
Quando chegou junto dele, saltou para o chão e, inclinando-se, disse:
- Sou o arauto do nosso amado Rei. Ele teve conhecimento da tua grande bondade, a me enviou para expressar-te a sua gratidão. Ao mesmo tempo pede de ti um serviço que nenhum mortal já foi capaz de realizar. Sua linda filha, a Princesa Amarinta, foi raptada pelo terrível gigante Gordo, e ninguém consegue libertá-la. Os mais nobres cavaleiros foram lutar com o monstro, mas quando se viram diante do assustador animal, perderam a coragem e o gigante os fez em pedaços com seu punho de ferro. Mas tu, benfeitor a salvador da terra, amigo e favorito dos homens, podes vencer. .
   Liberta a formosa Princesa, e a mão dela e o trono do Rei serão seus.
- Se a bravura puder fazer isso, creio que vencerei - respondeu valentemente Holgar. - Dei-me passagem, boa gente, que marcharei imediatamente ate o esconderijo daquele que se apoderou de nossa Princesa.
Respeitosamente todos recuaram, e Holgar partiu com seus firmes olhos brilhantes.
Quando chegou a entrada da formidável fortaleza, bateu a porta com o punho de sua espada e desafiou o gigante.
   Não tardou a aparecer no umbral uma figura, que só de vê-la qualquer homem ficaria imóvel de terror.
Mas Holgar estava cheio de bravura a observou o monstro que, tal como uma torre, se erguia diante dele.
   Seus punhos e seus pés eram de ferro; na cabeça, que era do tamanho de uma máquina ou de um trem, crescia um bosque de cabelos, sendo cada fio da grossura de um arame. No meio da testa tinha só um olho, tão grande que parecia o relógio de uma torre.
  Com ruidosa a desdenhosa risada, e com voz de trovão, o gigante exclamou:
- Ah, oh, Ah! Mais um homenzinho que está querendo roubar minha noiva! Vem cá! Farei contigo o que fiz com aos outros!
Dizendo isto, desenraizou um carvalho que tinha mil anos e o atirou para Holgar. Se este não tivesse saltado para um lado, teria sido completamente amassado. No entanto, a árvore rogou apenas sua lança, que caiu em pedaços ao chão. Quando o gigante viu que havia errado o golpe, sentiu-se dominado par tremenda fúria. Estendeu a mão de ferro para agarrar o inimigo, e o rapaz o golpeou com sua espada, que saltou feita em pedaços.   Holgar se viu, assim, desarmado diante do terrível gigante, mas nem assim pensou em fugir.
 Cheio de coragem, adiantou-se para o monstro, que rapidamente o agarrou com sua mão de ferro.
- Ah, ah, ah! - o gigante disse. - Está preso, homenzinho! Devia reduzir-te a pó, mas como se defendeste tão bem, nem perdeste a coragem, pode respirar uns minutos mais minha noiva. E depois, prepara-te para perder a vida.
   Seu punho esmurrou a porta como um trovão. E na sacada apareceu uma maga vestida de preto. Era a mais linda que Holgar já tinha visto. Ao observar o prisioneiro do gigante, seus olhos azuis se encheram de lágrimas. Diante da maravilhosa beleza da jovem, Holgar sentiu-se tomado de nova coragem. Com rapidez se voltou contra o gigante e, com todas as suas forças, fincou a ponta do seu escudo no único olho do monstro.
   Um grito tão horrível que interrompeu o vôo dos pássaros e os passos dos animais da selva, fazendo tremer ate as árvores, brotou dos lábios do horrível ser.
   Holgar caiu ao chão, junto do seu adversário, que se contorcia de dor. Ligeiro, o rapaz levantou uma pesada pedra e a deixou cair sabre a cabeça do inimigo. Ouviu-se um barulho como se todos os ossos dele se partissem, e depois não se percebeu mais nenhum ruído. A vida de crimes a maldades de Gordo havia terminado.
. Vou mostrar-te a
   Cheio de alegria, Holgar subiu a sacada, deu a mão a Princesa a arrebatou-a daquele lugar de pesadelo.  Quando chegou diante do Rei, este desceu de seu trono a abraçou o herói. Depois tirou a reluzente coroa e a colocou nos cabelos ruivos de Holgar, levando-o para junto da bela princesa Amarinta, por entre os aplausos da multidão.
   Holgar voltou à cabeça para onde estava Bialo e disse-lhe em voz baixa:
- Mestre, eu lhe agradeço muito. Os presentes que escolhi foram os melhores; superiores em tudo aos outros que o senhor me ofereceu. Eles, como que profetizou, me trouxe a felicidade. Pode tirá-los agora, já que eu cheguei ao topo de minha vida, e dá-los a outro que os mereça, a fim de que também possa fazer feliz o próximo.
   Então Bialo alisou a comprida barba e, sorrindo, disse:
- Guarda-os, meu filho, porque agora precisarás deles mais do que nunca. Vais casar, portanto, necessitas de muita coragem. Com tua esposa viverá uma longa vida; por conseguinte precisarás de paciência. E se quiseres fazê-la feliz, te será necessária uma grande bondade. Com estas três dádivas, a terra será para ti um jardim mágico, a tua vida e a de tua mulher uma continua primavera, radiante de mágica luz.
FIM